Depois que você passa por uma série de namoros - não tão cheia de temporadas, é claro - você meio que demora pra engatar em qualquer tipo de relacionamento. Talvez seja medo, não sei, mas a sensação é melhor definida como precaução. Pelo simples fato de que é sempre bom evitar qualquer tipo de dor.
Acontece que em determinado momento outros sentimentos começam a ser maiores do que o de PRECAUÇÃO. Por exemplo, aquela adrenalina gostosa de pegar a bicicleta - yes, why not? - e ir livremente até o encontro de alguém que valha a pena, só pra bater um papo, ficar sentado no banquinho da pracinha rindo loucamente de coisas sem sentido. Essa é uma saudade indescritível. Outra, e pode-se dizer que é a melhor, é aquela de beijar calmamente, como se você quisesse sentir tudo o que acontece naquele momento... uma mão que sobe à nuca, um cafuné, uma mordida. É como se você pudesse sugar tudo de bom que aquela pessoa tem.
É polêmico quando comento com os meus amigos que prefiro toda a parte do flerte ao beijo - principalmente o beijo - do que ... o depois, rs. Sei lá, talvez seja coisa de signo, talvez seja apenas gosto. Penso que é só uma característica a mais. Incomum, mas verdadeira. Porque, para mim, não existe contato tão mais íntimo que o beijar, e é de grande importância fazer dele um dos melhores momentos, quase tão bons que seriam inesquecíveis.
Não sendo melhor do que isso, mas quase no mesmo patamar, é o olhar nos olhos. Penetrar nas "janelas da alma", conhecer a fundo, perder-se no encantamento de certos olhares e não mais ter motivos para se encontrar.
Enfim, são lembranças como essas, acrescidas de um amadurecimento mais íntegro, que te impulsionam a querer - procurar, buscar, esperar, abrir-se - novos tipos de relacionamentos, novas pessoas, novas histórias. E, é claro, sempre com muita, mas muita, cautela, pois a vida, os diversos contextos, sempre têm os seu "poréns".
Uma marola vira onda que demora a quebrar. Mas quebra, e quando o faz se transforma em espuma que dentro de pouco se dissipa. Assim também é o desejo.