Ele, alucinado, sentado no canto de seu quarto. A camisa branca suada, colada no corpo. A respiração ofegante. As mãos segurando tão firme os cabelos na cabeça, acho que temiam que até eles fugissem de controle. Os olhos negros, agora estavam vermelhos e rios desciam pelas pálpebras. Ele, mesmo sentado, jogava o corpo para frente e para trás. As costas, nessa altura do tempo, já deviam estar tomadas de hematomas.
A prisão, que sua cabeça havia se tornado, estava num motim. Todos os pensamentos, as palavras, as visões, as pessoas, as imagens, as paisagens, os poemas, os textos, brigavam entre si. Debatiam-se nas paredes do crânio. E ele continuava a dizer para si. Em voz alta. Pois o externo era impenetrável à caixa da loucura. "Vai tudo acabar bem. As coisas vão se acertar. Você vai poder ser o que sempre quis. "
Mas ele sabia que a paz - utópica, como sempre. - não viria tão cedo.
Hora ou outra ele teria de se levantar daquela encruzilhada de cimento - tanto onde estava quanto onde não estava. - e voltar a viver a vida anfíbia. De um lado um amor. Do outro, um tipo diferente de amor. Ou tão igual que passa a ser estranho.
Naquela noite ele adormeceu ali. De olhos abertos.As palavras ecoavam, vazias, pelo quarto.
Apenas adorei!
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