sexta-feira, 22 de janeiro de 2010



"Hoje foi um dia particular. Especial. Não mais me senti como no meu mundo imaginário. O mundo que me persegue e me confunde e me frustra e... me salva.
Hoje foi algo tão real, tão vivo, tão rubro, quem me salvou. Tirou-me das nuvens e me colocou no chão. Nem reclamei. Os meios que ela utilizou foram tão convincentes, torturadores, mas convincentes, que nem fiz questão de querer voltar. Voltar? Voltar para onde? Onde eu estava? Lugar algum tornou-se existente na minha memória depois da aparição dela.
Ela. Só ela. Que tem o mar verde acinzentado no olhar. Que eu me vejo ali rodar, e rodar, e querer me afogar. Caindo. Sempre caindo naquele labirinto brilhante, tentador, encantador.
Eu caí há um tempo. Vi-me ali, pelo menos. Então ela fechou os olhos e me aprisionou para sempre. SEMPRE. Palavra tão utópica, tão surreal. Nela, tão fixo, tão vingente. Tão meu querer com ela. Ela, só ela, para sempre.
Hoje, mãos macias me presentearam com doces e leves toques. Elas se perderam nos meus cabelos, na minha nuca. Tirou-me do estático e me colocou no inerte. Inerte a um desejo que eu não sabia se era recíproco.
Não sabia até que as luzes foram apagadas, até que o silêncio se fez presente, até que a respiração ficou inconstante, até que meu coração cambaleou em pulos espaçoso, arritmicos por prazer.
Minhas mãos suaram. Meus sentidos se atordoaram. Ela tinha me tomado. Bebeu-me. A boca ficou seca. Eu fui e voltei ao meu mundo irreal. Mundo que eu não largava e que não largava de mim. Mundo que me aprisionava à cabeça, que me colocava em situações constrangedoras, que mostrou a mim que a solidão existe quando, mesmo cercado de vozes e ouvidos, eu não dava atenção às minhas próprias palavras. Mundo que me ensurdecia. Agora eu estava surda com o som do coração dela, afogada no odor mais que atraente, de mãos atadas, disposto a ela, a serviço dela, existindo e respirando e vivendo e sorrindo só para ela. Por ela. E com um medo enorme que ela percebesse isso.
Do hoje eu falo que revivo. Do hoje espero não mais precisar voltar ao mundo fantástico. Ela é tão real e tão viva que eu desejo ter com ela todos os meus sonhos. Complexo? Paradoxo? Louco? Sim, estou louco por uma uma garota que fez de mim respresentante alucinado da felicidade.
Do amanhã? Espero o pra sempre. O pra sempre em cada nascer de sol, em cada sorriso lunar, em cada brilho estelar. O pra sempre em cada brisa morna, em cada dia frio, em cada abrir de olhos no meio da noite chuvosa. O pra sempre indo dormir e acordando com ela aninhada no meu peito. O pra sempre com o cheiro dela tomando o meu corpo. O pra sempre com a voz dela colada no meu ouvido dizendo o que pra mim já basta para viver.
Eu não sei porquê, mas acho que estou amando.
Esse é o tal do amor que me leva e traz da insanidade?
Ou que me mantém nela?
O real tem sido mais insano.
A boca dela cheira canela." 04-10
Pela primeira vez naquela noite, ele teve a coragem de sentar, escrever e ler o que tinha escrito. E não queimou o papel.
Não havia mais medo.

Um comentário:

  1. Texto Profundo..


    * Ou, tá na hora de trocar esse papel de fundo do seu blog né? rs...


    Bjs

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