"Mas se eu tivesse ficado, teria sido diferente? Melhor interromper o processo em meio: quando se conhece o fim, quando se sabe que doerá muito mais -por que ir em frente? Não há sentido: melhor escapar deixando uma lembrança qualquer, lenço esquecido numa gaveta, camisa jogada na cadeira, uma fotografia –qualquer coisa que depois de muito tempo a gente possa olhar e sorrir, mesmo sem saber por quê. Melhor do que não sobrar nada, e que esse nada seja áspero como um tempo perdido."
-*-
"porque já não temos mais idade para, dramaticamente, usarmos palavras grandiloqüentes como "sempre" ou "nunca". Ninguém sabe como, mas aos poucos fomos aprendendo sobre a continuidade da vida, das pessoas e das coisas. Já não tentamos o suicidio nem cometemos gestos tresloucados. Alguns, sim - nós, não. Contidamente, continuamos. E substituimos expressões fatais como "não resistirei" por outras mais mansas, como "sei que vai passar". Esse o nosso jeito de continuar, o mais eficiente e também o mais cômodo, porque não implica em decisões, apenas em paciência."
-*-
"Essa morte constante das coisas é o que mais dói"
-*-
Só um pouco de Caio Fernando Abreu
- indico.
quarta-feira, 27 de outubro de 2010
segunda-feira, 25 de outubro de 2010
Eu ensaiei o post toda a noite. Mas ele se esvaiu como bexiga cheia d'água quando encontra uma ponta.
Mais um noite meio difícil. Turbulenta de sentimentos. De planos, de sonhos, como sempre.
Eu já declarei aqui o quão viciada eu sou nos filmes da Walt Disney / Pixar? Já declarei o quão interessante e intensos eles são?
Que fique declarado.
É lindo o final do Pocahontas. A escolha dela. O Lar.. assim como no Mulan, como a Bella se prende em lugar do pai, como o Querido e a Querida têm um casamento lindo, como a Tiana quer realizar um sonho em conjunto, como o Rémy lida com a crise de identidade, como o Woody e o Buzz ficam juntos no final, como a Bu encontra um pai no Gatinho, rs. E, é claro, existem outros tantos momentos da Disney em que eu me fascino. Mas o mais incrível de todos, sem uma ponta de dúvida é aquele, do filme clássico O Rei Leão, em que a Nala cobra do Simba toda a responsabilidade de quem ele era; quando eles brigam e ele vai ter com o Rafiki o reencontro com a imagem do pai, o reecontro de si, e resolve retornar. Resolve lutar pelo lar, pelo reino, que é seu por direito, por nascença. É Coragem.
Lar... dizem que é pra onde nosso coração quer voltar.
E se for pra onde ele quer ir?
E se for utópico.
Bem, o post será irregular. A coerência também estourou junto da bexiga.
Vamos falar de sonhos?
Posso falar do meu?
"Viver na tranquilidade de um amanhecer batendo no jardim de entrada. Levantar da cama de lençóis brancos e ir preparar o café. Deixar o aroma do café tomar a casa, assim como é na casa da minha avó. Ver se a criança ainda está dormindo. Ver como é ingênuo a maneira dela dormir e pensar se eu assim o fazia. Sorrir ao lembrar. Ir para fora, para o quintal e dar bom dia ao cão. Deixá-lo entrar em casa. Ir com ele até a varanda e pegar o jornal. Lê-lo enquanto tomo um suco de laranja. Lavar a louça. Deixar o cão dormir no tapete da cozinha. Ir para um banho. Acordar a criança e dar a ela o que comer. Deixá-la se divertir no chão da sala, assim como eu fazia quando pequena. Ir cuidar do meu jardim. Regar, cortar, embelezar - como se fosse possível tornar mais belo. Fotografar outras borboletas para a coleção. Entrar, banhar a criança e ir preparar o almoço. Almoçar junto, sair para uma voltar. Retornar para colocar a roupa de missa. Ah, seria um domingo! Ir à missa. Sair mais leve do que antes. Jantar fora. Voltar pra casa, ninar a criança. Preparar uma taça de vinho e sentar à mesa na cozinha. Olhar para o cão, acarinhar sua cabeça às orelhas. Colocá-lo para fora. Apagar as luzes e ir para a cama. Arrumada ou não. Dormir."
É, seria uma parte do sonho. A outra fica para outro dia.
Mas hoje, diante deles, sinto-me como provavelmente me sentiria dentro de uma loja de brinquedos em Orlando: as a child holding a hand and looking all those things as they were like a magical kingdom with all that richness. Without touch a thing.
bye.
sexta-feira, 22 de outubro de 2010
Eu estou tentando. Isso é sério.
Deslumbrada com a minha perseverança em fazer isso passar logo.
Em finalmente matar aquilo que tem vez adormece. Tem vez acorda.
Sempre permanece.
Eu estou tentando não pensar. Isso é sério.
Assustada com o vazio que acaba como resultante.
Com a completa inércia de um nada em equilíbrio dinâmico.
Seria falta de impulso.
Eu estou tentando não comer. Isso é sério.
Quero discernir quando é a dor irremediável
Ou quando é apenas fome.
Quase sempre é o primeiro.
Eu estou tentando não adormecer. Isso é sério.
Tamanho é o receio do sonho inesperado.
De ver seu rosto, à minha frente, pintado.
De parecer ser real.
Eu estou tentando, e isso é sério, dizer em voz alta para meus ouvidos crerem que não há mais do que havia.
Eu estou tentando, e isso é sério, parar de dizer o seu nome sem, ao menos, verbalizá-lo.
Eu estou tentando não olhar para o céu, tampouco pr'aquela árvore em frente minha casa.
Eu estou tentando sonhar sozinha.
Eu estou tentando apagar você das minhas ambições.
Mas às vezes dói.
domingo, 17 de outubro de 2010
O Rio.
Ele estava sentado à beira do rio. Observava o mar à frente dele. Mas não era o salgado, era o pedregoso. Um mar de infinitas montanhas. O qual ele já havia mirado outras centenas de vezes pensando o que haveria do outro lado. Achando que ela estaria do outro lado.
Aquela mulher chegou novamente. Com os pés descalços, não fazia barulho ao tocar o chão, as gramíneas que ali havia. O vento roçava no seu suave vestido branco. E eram os únicos sons que ele ouvia: a água correndo no seu eixo e o tecido do vestido dela balançando e batendo-se sem um sentido. Da sua feição não se recordava bem. Aliás, essa era uma das pouquíssimas memórias de que ele não se lembrava da feição dela. Talvez porque não a olhava na face ao decorrer da prosa. Faz sentido tal hipótese, pois da voz dela ele se lembrava bem.
- O que te aflige? – ela o incitou.
- O que há do outro lado do mar.
- Mas isso é um rio.
- Refiro-me ao de morros.
Ela os mirou por longos instantes. E ficou em silêncio.
- O que te aflige? – ele, curioso, perguntou.
- Aquilo que queres do outro lado.
- É um amor perdido.
- Perdido? Ora, disse-me há pouco que está do outro lado?
Ele refletiu.
- Então não está do outro lado. – ela concluiu sozinha.
- Talvez não.
- E se estiver no final do rio?
- Como vou saber?
- Deixe de ser tolo. É óbvio: siga o curso do rio.
- Como saberei onde é o final.
- Boa pergunta.
Eles se calaram. E assim permaneceram. A água do rio continuou seguindo o seu curso. Não importava a pedra que estava no fundo, ou as que estavam aos montes na superfície. A água seguia. Simples e límpida, esperava um mar para desaguar. Ele também.
Veio então uma majestosa lepidóptera, daquelas enormes, reluzentes de tão azuis, assim, que cabem na palma da mão, e pousou descansadamente em seu joelho direito.
As pernas dele estavam encurvadas, seguradas pelos seus dois braços e antebraços. As mãos se laçavam no fim para segurar o peso. A cabeça estava erguida com o olhar longe.
Em pouco, seu olhar – e também, por conseqüência, o dela – repousou nas asas da linda borboleta. E ali ficaram admirando-a.
- Por que você gosta de borboletas? – Ela perguntou. Ao fazer isso estendeu o dedo perto do joelho dele. A beleza pequenina, sem pensar muito, foi equilibrar-se no dedo dela.
Ele sorriu antes de começar a falar.
- Porque elas são pacientes. Nascem larvas, encasulam-se e depois se transformam no que realmente são em potencial. Então, alçam vôos por longínquas terras, experimentam sabores de diversas flores, seus perfeitos perfumes. Admiro-me com o tempo que aguardam para serem felizes.
- Felizes?
- Sim, felizes. Poder alçar vôo. Mudar-se para um jardim diferente, provar de tantas qualidades, diferentes entre si. Não há defeitos, são apenas trejeitos diferentes. E sem saber o quanto aquilo vai durar. Vinte e quatro horas? Quarenta e oito horas? Setenta e duas horas? Uma semana? Quem sabe? Ela não sabe. Admiro o quão discretas são.
- Discretas?
- Sim, discretas. Batem asas contra o vento, pousam aqui e ali, vivem, e não fazem um ruído sequer. Uma vida a espera de uma felicidade indescritível, e nenhum ruído.
- Espera?
- Sim.
- Mas ela nasce, vive, depois procura um lugar para se encasular, para desenvolver seu potencial. Lá dentro do casulo sabem-se lá dos planos que passam por sua cabeça. Liberta-se e voa. Voa como se um dia não tivesse fim. Voa procurando a idéia que houve dentro do casulo. Sabe o jardim que quer e vai atrás. E ela acaba encontrando a flor que merece toda a atenção do mundo. Todo cuidado, todo carinho, toda a sua simplicidade.
Ele ficou quieto. Então ela...
- Entendeu?
- Entendi.
- E o que está esperando para seguir o curso do rio?
- O meu casulo se abrir.
Ela riu alto.
- Tolo, nós não temos casulos.
- Não?
- Não, lógico que não. Somos como um rio. Tem uma nascente pura; um curso ora desgovernado ora calmo, ora tortuoso ora reto – quase infinito; então deságua num mar. O rio falece, não é mais doce. Mas há a nascente que não pára. Novas águas vão passar. Se você entrar agora no rio que se estende a nossa frente, meu bem, jamais se banhará na mesma água daqui um único ímpeto.
- O que quer dizer?
- Quero dizer que o que está perdido não está num tempo e tampouco num espaço. Está eterno dentro da dúvida que aflige teu peito. Se seguires o curso do rio, encontrarás o queres.
Ele ficou quieto novamente. Fitando a pequena grande borboleta.
Ela, a moça, tinha conhecimento da dúvida que havia dentro da mente dele e de prontidão a respondeu – antes mesmo que os dentes e a língua dele fizessem esforço para falar.
- Responda-me, o que há no horizonte?
- Mar de morros.
- Isso é um problema?
- É um grande problema. Veja! São enormes.
- Estenda sua mão em direção a eles.
Ele o fez.
- Agora tente medi-las.
- Como?
- Coloque seu polegar na altura da base deles e o seu indicador no topo. Feche um dos olhos.
- Assim?
- Isso. Agora, traga sua mão para perto de ti.
Ele obedeceu novamente.
- De que tamanho estão?
Ele sorriu.
- Veja bem, do que serias capaz por esse amor?
A borboleta saiu do dedo dela e pousou na mão dele.
- Eu? Seria capaz do pior e do melhor. Seria capaz do sonho e da realidade. Seria capaz do impossível e do possível.
- Irias até a lua e voltavas por ela?
- Sim.
- Irias buscar uma estrela para ela?
- Sim.
Ele foi arfando o peito.
- Irias atrás da maior riqueza para ela?
- Sim
- Irias atrás do maior monumento para ela?
- Sim.
- Percorreria um rio, um mar, um céu, um tempo, para chegar até ela?
- Sim.
- E se no final, ela te renegasse. Sentirias ódio?
- Não.
- Morrerias?
- Não.
- Render-te-ias?
- Não.
Fingindo espanto, ela então perguntou:
- Ora, o que farias?
- Eu viveria sozinho por ela. Só, sempre só, por ela. Só por ela.
Nessa altura da conversa ele já estava de pé. A borboleta no seu ombro esquerdo. A moça pouco atrás do ombro direito dele.
Ela colocou sua mão sobre a dele, estendeu à frente e mediu, com o polegar e o indicador dele, qual era a distância entre o presente e o futuro. Ele trouxe a mão para perto de si e sorriu novamente.
Por último ela sussurrou no ouvido dele:
- Encare a distância entre aqui e o final como só até aonde seus olhos podem alcançar. Se ainda for grande, tente medi-la conforme te ensinei. Assim terás um pequeno problema a ser resolvido bem na palma da sua mão. Agora vá, sem mais perda de tempo. Muitas águas se passaram durante nossa conversa. Você é outro. Seus erros já foram arrastados. O acúmulo de areia lá na frente está grande, mas, se fores como a correnteza que você é agora e responder à paciência que está te acompanhando, então logo o problema será resolvido. Ainda que o logo dure todo o percurso.
Ele deu o primeiro passo e não doeu.
O segundo, o terceiro, e os seguintes vieram naturalmente. Ele sorria.
Atrás não havia mais ninguém. O lobo vinha ao lado de língua de fora e o rabo abanando. A borboleta no ombro esquerdo, os valores no direito.
No peito, ela.
Sempre ela.
Só ela.
Ele estava sentado à beira do rio. Observava o mar à frente dele. Mas não era o salgado, era o pedregoso. Um mar de infinitas montanhas. O qual ele já havia mirado outras centenas de vezes pensando o que haveria do outro lado. Achando que ela estaria do outro lado.
Aquela mulher chegou novamente. Com os pés descalços, não fazia barulho ao tocar o chão, as gramíneas que ali havia. O vento roçava no seu suave vestido branco. E eram os únicos sons que ele ouvia: a água correndo no seu eixo e o tecido do vestido dela balançando e batendo-se sem um sentido. Da sua feição não se recordava bem. Aliás, essa era uma das pouquíssimas memórias de que ele não se lembrava da feição dela. Talvez porque não a olhava na face ao decorrer da prosa. Faz sentido tal hipótese, pois da voz dela ele se lembrava bem.
- O que te aflige? – ela o incitou.
- O que há do outro lado do mar.
- Mas isso é um rio.
- Refiro-me ao de morros.
Ela os mirou por longos instantes. E ficou em silêncio.
- O que te aflige? – ele, curioso, perguntou.
- Aquilo que queres do outro lado.
- É um amor perdido.
- Perdido? Ora, disse-me há pouco que está do outro lado?
Ele refletiu.
- Então não está do outro lado. – ela concluiu sozinha.
- Talvez não.
- E se estiver no final do rio?
- Como vou saber?
- Deixe de ser tolo. É óbvio: siga o curso do rio.
- Como saberei onde é o final.
- Boa pergunta.
Eles se calaram. E assim permaneceram. A água do rio continuou seguindo o seu curso. Não importava a pedra que estava no fundo, ou as que estavam aos montes na superfície. A água seguia. Simples e límpida, esperava um mar para desaguar. Ele também.
Veio então uma majestosa lepidóptera, daquelas enormes, reluzentes de tão azuis, assim, que cabem na palma da mão, e pousou descansadamente em seu joelho direito.
As pernas dele estavam encurvadas, seguradas pelos seus dois braços e antebraços. As mãos se laçavam no fim para segurar o peso. A cabeça estava erguida com o olhar longe.
Em pouco, seu olhar – e também, por conseqüência, o dela – repousou nas asas da linda borboleta. E ali ficaram admirando-a.
- Por que você gosta de borboletas? – Ela perguntou. Ao fazer isso estendeu o dedo perto do joelho dele. A beleza pequenina, sem pensar muito, foi equilibrar-se no dedo dela.
Ele sorriu antes de começar a falar.
- Porque elas são pacientes. Nascem larvas, encasulam-se e depois se transformam no que realmente são em potencial. Então, alçam vôos por longínquas terras, experimentam sabores de diversas flores, seus perfeitos perfumes. Admiro-me com o tempo que aguardam para serem felizes.
- Felizes?
- Sim, felizes. Poder alçar vôo. Mudar-se para um jardim diferente, provar de tantas qualidades, diferentes entre si. Não há defeitos, são apenas trejeitos diferentes. E sem saber o quanto aquilo vai durar. Vinte e quatro horas? Quarenta e oito horas? Setenta e duas horas? Uma semana? Quem sabe? Ela não sabe. Admiro o quão discretas são.
- Discretas?
- Sim, discretas. Batem asas contra o vento, pousam aqui e ali, vivem, e não fazem um ruído sequer. Uma vida a espera de uma felicidade indescritível, e nenhum ruído.
- Espera?
- Sim.
- Mas ela nasce, vive, depois procura um lugar para se encasular, para desenvolver seu potencial. Lá dentro do casulo sabem-se lá dos planos que passam por sua cabeça. Liberta-se e voa. Voa como se um dia não tivesse fim. Voa procurando a idéia que houve dentro do casulo. Sabe o jardim que quer e vai atrás. E ela acaba encontrando a flor que merece toda a atenção do mundo. Todo cuidado, todo carinho, toda a sua simplicidade.
Ele ficou quieto. Então ela...
- Entendeu?
- Entendi.
- E o que está esperando para seguir o curso do rio?
- O meu casulo se abrir.
Ela riu alto.
- Tolo, nós não temos casulos.
- Não?
- Não, lógico que não. Somos como um rio. Tem uma nascente pura; um curso ora desgovernado ora calmo, ora tortuoso ora reto – quase infinito; então deságua num mar. O rio falece, não é mais doce. Mas há a nascente que não pára. Novas águas vão passar. Se você entrar agora no rio que se estende a nossa frente, meu bem, jamais se banhará na mesma água daqui um único ímpeto.
- O que quer dizer?
- Quero dizer que o que está perdido não está num tempo e tampouco num espaço. Está eterno dentro da dúvida que aflige teu peito. Se seguires o curso do rio, encontrarás o queres.
Ele ficou quieto novamente. Fitando a pequena grande borboleta.
Ela, a moça, tinha conhecimento da dúvida que havia dentro da mente dele e de prontidão a respondeu – antes mesmo que os dentes e a língua dele fizessem esforço para falar.
- Responda-me, o que há no horizonte?
- Mar de morros.
- Isso é um problema?
- É um grande problema. Veja! São enormes.
- Estenda sua mão em direção a eles.
Ele o fez.
- Agora tente medi-las.
- Como?
- Coloque seu polegar na altura da base deles e o seu indicador no topo. Feche um dos olhos.
- Assim?
- Isso. Agora, traga sua mão para perto de ti.
Ele obedeceu novamente.
- De que tamanho estão?
Ele sorriu.
- Veja bem, do que serias capaz por esse amor?
A borboleta saiu do dedo dela e pousou na mão dele.
- Eu? Seria capaz do pior e do melhor. Seria capaz do sonho e da realidade. Seria capaz do impossível e do possível.
- Irias até a lua e voltavas por ela?
- Sim.
- Irias buscar uma estrela para ela?
- Sim.
Ele foi arfando o peito.
- Irias atrás da maior riqueza para ela?
- Sim
- Irias atrás do maior monumento para ela?
- Sim.
- Percorreria um rio, um mar, um céu, um tempo, para chegar até ela?
- Sim.
- E se no final, ela te renegasse. Sentirias ódio?
- Não.
- Morrerias?
- Não.
- Render-te-ias?
- Não.
Fingindo espanto, ela então perguntou:
- Ora, o que farias?
- Eu viveria sozinho por ela. Só, sempre só, por ela. Só por ela.
Nessa altura da conversa ele já estava de pé. A borboleta no seu ombro esquerdo. A moça pouco atrás do ombro direito dele.
Ela colocou sua mão sobre a dele, estendeu à frente e mediu, com o polegar e o indicador dele, qual era a distância entre o presente e o futuro. Ele trouxe a mão para perto de si e sorriu novamente.
Por último ela sussurrou no ouvido dele:
- Encare a distância entre aqui e o final como só até aonde seus olhos podem alcançar. Se ainda for grande, tente medi-la conforme te ensinei. Assim terás um pequeno problema a ser resolvido bem na palma da sua mão. Agora vá, sem mais perda de tempo. Muitas águas se passaram durante nossa conversa. Você é outro. Seus erros já foram arrastados. O acúmulo de areia lá na frente está grande, mas, se fores como a correnteza que você é agora e responder à paciência que está te acompanhando, então logo o problema será resolvido. Ainda que o logo dure todo o percurso.
Ele deu o primeiro passo e não doeu.
O segundo, o terceiro, e os seguintes vieram naturalmente. Ele sorria.
Atrás não havia mais ninguém. O lobo vinha ao lado de língua de fora e o rabo abanando. A borboleta no ombro esquerdo, os valores no direito.
No peito, ela.
Sempre ela.
Só ela.
quinta-feira, 14 de outubro de 2010
domingo, 10 de outubro de 2010
Desse vez o horizonte foi um sim ou um não.
A insanidade ou a sensatez.
O ir ou não ir.
O possível mais que impossível.
Mas ainda houve horizonte.
E por conta do que já passou,
erros meus.
Só.
Novamente: o que vale a pena?
Quanto é o risco?
Quanto vale tentar?
Eu tentei e quase consegui.
Agora é aceitar e
Esperar o peito desacelerar.
sábado, 9 de outubro de 2010
sexta-feira, 8 de outubro de 2010
Outro texto que achei nos meus guardados.
"Esses dias descobri porquê nós, humanos, seremos eternamente insatisfeitos, seremos eternamente infelizes, eternamente peregrinos de uma busca sem lógica. É simples: Porque o sol e a lua jamais se encontrarão.
Dois amantes eternos perdidos no tempo e no espaço divididos por uma tênue linha: O Horizonte.
Quando um cai, outro se levanta.
O Crepúsculo? Belo, puro e aconchegante, é a esperança flamejante que um tem de poder tocar o outro.
A Aurora? O prazer que ele tem em fazê-la dormir.
A noite? A necessidade dela de reluzir o amor luzente para nunca perdê-lo.
Dias nublados? É, às vezes aperta no peito dele a insatisfação da distância.
Noites escuras demais? É, às vezes, nela, bate um sentimento de evanescimento. Sumir, sem luz.
A chuva é o cair das lágrimas de ambos.
Bem, sempre buscando, sempre quase alcançando, viver rodando um atrás do outro, sempre separados por uma linha fina, a um horizonte do toque, a um dia de distância, a uma noite de amor.
Não pensem que eles são egoístas. Que só porque nunca se tocarão, fazem-nos seres eternamente pesarosos. Não, muito pelo contrário. Não vejo exemplo maior de altruísmo, afinal, com tudo isso, ele nos dá a vida e ela nos dá o descanso. Um dia azul, uma noite estrelada.
Egoístas eles não são.
Às vezes de tão opostos são iguais.
Às vezes de iguais são opostos.
De tudo, são dispostos.
Às vezes ele é ela. Ela é ele.
Há um complemento de igualdade, mesmo quando há oposição.
É, a culpa é do horizonte, meu bem.
(4h34 min)"
domingo, 3 de outubro de 2010
Um post sem foto?
É, está na hora de começar a fazer as coisas de modo diferente.
A começar por um post. Que, afinal, é uma mostra escrita do que ronda aqui dentro.
Ultimamente poesia travada. Poesia falha.
Agora poesia platônica.
Sempre a eterna poesia platônica.
Sinceramente eu vou dizer. Sem máscaras, cansei de usá-las.
Situações acontecem e, na maioria das vezes procuramos causas dessas situações.
Na maioria elas não existem. Só vêm para nos levar a crer que a culpa é parcial.
Noutras, talvez venha com bagagem de certeza.
Há momentos em que digo que certas coisas deveriam realmente ter acontecido.
Sem tirar minha culpa, sem colocá-la em decimais, tampouco porcentagem.
Errei, fato. Mas penso na causalidade do erro, penso que "foi de propósito".
E assim eu consigo tirar os lados bons e os lados ruins.
Tento consertar, reparar, retornar.
Alguns chamariam de cara-de-pau. Ultimamente descobri que isso também é coragem.
É, tenho sido corajosa.
(E o que é coragem? Cor-agem. Agir com o coração)
É tenho ouvido meu coração.
E tudo tem dado mais certo.
Ou pelo menos caminha para das menos errado.
Reconquistar... tarefa difícil, mas não impossível.
Abraço.
É, está na hora de começar a fazer as coisas de modo diferente.
A começar por um post. Que, afinal, é uma mostra escrita do que ronda aqui dentro.
Ultimamente poesia travada. Poesia falha.
Agora poesia platônica.
Sempre a eterna poesia platônica.
Sinceramente eu vou dizer. Sem máscaras, cansei de usá-las.
Situações acontecem e, na maioria das vezes procuramos causas dessas situações.
Na maioria elas não existem. Só vêm para nos levar a crer que a culpa é parcial.
Noutras, talvez venha com bagagem de certeza.
Há momentos em que digo que certas coisas deveriam realmente ter acontecido.
Sem tirar minha culpa, sem colocá-la em decimais, tampouco porcentagem.
Errei, fato. Mas penso na causalidade do erro, penso que "foi de propósito".
E assim eu consigo tirar os lados bons e os lados ruins.
Tento consertar, reparar, retornar.
Alguns chamariam de cara-de-pau. Ultimamente descobri que isso também é coragem.
É, tenho sido corajosa.
(E o que é coragem? Cor-agem. Agir com o coração)
É tenho ouvido meu coração.
E tudo tem dado mais certo.
Ou pelo menos caminha para das menos errado.
Reconquistar... tarefa difícil, mas não impossível.
Abraço.
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