Ela foi chegando de mansinho e deitou na rede branca, que ficava presa nas pilastras da varanda.
As pernas quase magras empurravam o chão para mover os ventos nos cabelos quando a rede fazia o movimento antagônico da ida.
O vento era morno, a luz do sol entrava pelas árvores, terna e quente, as borboletas iam de flor em flor colhendo pólen, provando os diferentes gostos.
Até que a cabeça dela encontrou o peito dele e ficou ali.
-Sabe o que eu gosto em você? - ele perguntou.
- O quê? - ela respondeu com pergunta.
- Gosto da maneira como sua cabeça se encaixa bem no meu peito e deixa seu cheiro bem abaixo da minha respiração, pra me deixar louco e parcialmente saciado.
Ela ficou quieta.
- Gosto quando as minhas mãos seguram o seu rosto, como se ele fosse feito da mais sensível procelana que com um suspiro diferente correria o risco de trincar e perder a clareza.
Ela ficou quieta.
- Gosto da maneira como seus olhos perfuram o meu íntimo, buscando me confortar e da maneira como seu sorriso me abraça.
Silêncio.
- Gosto da maneira como minha mão cabe no vão dos seus dedos, como a sua pele se contrasta com a minha, como seu peito arfa durante a inspiração do ar, e como você me apavora quando demora demais para expirá-lo.
Ele riu. Ela, calada.
- Gosto da maneira como você me beija e como consegue mudar o conforto para o arrepio quando da carícia nos lábios passa a mordê-los. Gosto do caminho que suas mãos percorrem antes de chegarem no meu pescoço e do cheiro que a sua pele deixa como rastro.
Ela levantou a cabeça. Os cabelos castanhos claro ficaram voando com o vento, passando pelos olhos, também castanhos, acariciavam os lábios rosados, enfim, desenhavam sobre aquele rosto fino, perfeito.
Olhou-o intimamente. Sorriu, claramente. Tocou-o no rosto. Aproximou-se.
Colocou a boca úmida sobre a sedenta dele. Sugou dele toda aquela vontade.
Afastou-se. Sorriu mais uma vez e se levantou.
E foi andando pelo mato. O vestido branco esvoaçava. Ela olhou para trás e depois...
sumiu.
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