segunda-feira, 28 de dezembro de 2009
segunda-feira, 23 de novembro de 2009
domingo, 27 de setembro de 2009
quinta-feira, 17 de setembro de 2009
Levar-me. Levantar-me.
Assim como os pêlos da cabeça.
Que têm em suas diretrizes
Esse propósito:
Deixarem-se levar pelo vento.
Existem pessoas que são de pessoas.
Existem pessoas que são de coisas.
Existem pessoas que são do mundo.
Eu sou do mundo.
E ao mundo eu me deixo. Use e abuse de mim.
Pois, entorpeça-me com todas as notas musicais;
Com todos os conjuntos delas;
Com todos os ritmos que regem essa azul circunferência.
Usa-me – este pedaço de carne –
De todas as maneiras que desejastes.
Eu sou livre de regras. Usa minha liberdade.
Divirta-me com as cores mescladas
Com as separadas
Com as que se complementam.
Encanta-me com diversidade.
Embebeda-me com palavras atraentes.
Atraia-me de maneira convincente.
Eu sou do mundo.
Eu nasci assim e ficarei assim.
Vagando na simplicidade.
Curtindo a iminência da surpresa.
Lógico, com os pés bem fixos na terra.
A cabeça bem alta no céu.
E na curta distância entre ambos,
Fica o resto do meu corpo
Bailando “ignorantemente”
A complexidade da existência.
“Ingnorantemente”. Pois a física,
A política, a química, a matemática,
A geografia, a economia, a história,
E todas as complicações,
Deixo aos infelizes.
sexta-feira, 4 de setembro de 2009
"-Mas todos os dias esse menino tá sentado ali!" - Exclamava ora indignado, ora curioso, o Seu Marcos da vendinha que ficava na esquina da rua.
Mateus todos os dias, no mesmo horário, ia para aquela rua e se sentava na guia da calçada. Ali ficava por horas, até que o sol cansasse de iluminar seus pensamentos, mirando a parede da fábrica abandonada.
O menino era louro, dos olhos azuis que tendiam ao verde. As bochechas rosadas de calor, o cenho vivia franzido por culpa da luz forte e a boca, que mais parecia um morango, havia de ser molhada pela língua várias vezes para não ficar ressequida. Era uma criança linda, de traços finos. E pelos trajes, percebia-se que ele não era daquelas ruas. Devia descer do condomínio não muito longe dali. Devia ser filho de pai rico e mãe "dona de compra". Seu melhor amigo era um peixinho dourado num aquário. Tão mesquinho e solitário quanto ele.
Naquele dia Seu Marcos resolveu questionar o menino:
- Ei, menino! Que você tanto faz aí parado? Olhando pra essa parede?
Silêncio. Mateus continuou com os olhinhos fixos na parede.
- Menino?! Que foi? Um gato comeu sua língua?
Depois desse questionamento, Mateus virou os olhinhos para cima, já que a diferença de idade ali era proporcional à diferença de altura deles. Mas não tardou, retornou aos seus pensamentos para com o muro.
O Muro. Feito de tijolos e muito extenso. Por trás dele, tem-se conhecimento de que havia existido uma fábrica. Nada mais. Um muro como outro qualquer: duro, ereto, vazio.
Seu Marcos sentou-se ao lado do menino e imitou-o. Crianças se irritam quando os adultos tentam imitá-los, fato.
- Não é só uma parede.
- Olha! Ele fala! - silêncio - É o que então?
- É um portal. - respondeu Mateus sussurrando, com a mãozinha em frente a boca.
(...)
quarta-feira, 26 de agosto de 2009
Ela vestia um vestido bem decotado. Num tom dourado leve, com algumas rendas leves nos encontros das costuras. O cabelo castanho claro, do lado direito, estava puxado para trás, preso com uma daquelas prisilhas antigas, de madrepérola.
Estava sentada no campo, no meio da grama verde clara. Apoiava-se no braço esquerdo e as pernas estavam jogadas de lado, uma sobre a outra. De costas para mim.
No ombro direito, desnudo, saliente, estava pousada uma borboleta azul. Azul. Azulíssima. Reluzente.
Suas mãos brincavam distraidamente com a grama úmida. Ela cantarolava uma canção, uma melodia que ele sentia que conhecia, mas que nunca havia escutado. Aliás, ele poderia até jurar que aquelas notas nunca haviam passado pelo seu senso auditivo, mas jurar é ousar, quando se sonha demais.
Ele chegou por trás e sentou-se, praticamente, da mesma maneira que o corpo dela estava.
Aproximou a cabeça do pescoço dela, fechou os olhos e inspirou lentamente. Aqueles longos, ondolados e macios cabelos, carregavam consigo perfume de brancos lírios.
Abriu os olhos. Levou a mão esquerda até o ombro desnudo dela, calmamente, carinhosamente. E de modo delicado conseguiu convencer a borboleta a passar da saliencia lisa, para a rugosa da mão dele. Nesse momento ela inclinou a cabeça para a direita, observando-o com o rabo dos olhos que, mais uma vez, estavam pintados das mesmas cores que antes.
Ele ficou olhando a borboleta abrir e fechar as asas. Ela ficou olhando-o. Ainda cantarolando, enconstou a cabeça na cabeça dele e fechou os olhos.
As mãos dele estavam entretidos com a simplicidade do inseto. As dela estavam distraídas com a umidade da planta.
Ninguém falou hoje.
Os olhos dela estavam caramelizados. Na cor e na expressão.
- Cecília.
segunda-feira, 24 de agosto de 2009
sábado, 22 de agosto de 2009
Ele estava sozinho mais uma vez.
Sentado numa cadeira de balanço, feita de madeira, entalhada a mão. Ele ia e vinha.
Para frente e para trás.
A cadeira ficava bem em frente à porta da casa. Nos seus pés havia um tapete branco, humilde.
Os braços, descançando sobre os braços da cadeira. As costas confortavelmente recostadas no encosto.
Os cabelos dele, negro, iam de um lado a outro da cabeça, loucos com a brisa. Os olhos, também escuros, estavam brilhantes. As pálpebras com os longos cílios, semicerradas.
Ele ia e vinha. Ia e vinha. A cadeira rangia.
Os movimentos eram despercebidos aos olhos dele que, na verdade, não estavam ali. Aliás, nem os pés dele estavam ali. Dois estavam perdidos no limite entre o azul do céu e o verde do mato. Outros dois estavam perdidos no caminho terroso que abria ao meio o verde do campo.
De repente, o empurrar e ser empurrado, cessaram.
Ela estava naquele caminho, de pé. Ele não estava mais sentado.
- Sabe do que eu não gosto em você? - ele gritou interrogando-a.
- Não. Do que? - ela, calma e serena como sempre, devolveu-lhe com mais uma pergunta.
- Não gosto de como toda a sua face sorri em conjunto. Boca, bochecha e sobrancelhas.
Nada.
- Não gosto do jeito gracioso com que os seus cabelos acompanham o rumo do vento. Da maneira como a sua roupa fica impedida pelo seu corpo de ir junto da brisa.
Só os grilos foram ouvidos no silêncio entre os corpos.
- Não gosto como a intensidade da sua respiração nos nosso momentos de loucura me tomam o fôlego. De como minha boca seca quando você larga os meus dedos. De como eu estremeço quando lembro do seu toque, da suas mãos espalmadas nas minhas costas. De como você vaza pelas minhas mãos tão facilmente.
Ela olhava para ele. Só.
- Não gosto da sua maneira de invadir meus sonhos, estando eu dormindo ou de olhos abertos. E da sua maneira de sair deles, gosto menos ainda.
...
- Não gosto da sensação de tempo estacionado quando seu corpo fica na presença do meu. E de como ele acaba rápido quando você se vira e some. E como ele segue arrastado, como se carregasse sacos de pedras enormes e pesadas, vagaroso, quando meus olhos não podem alcançar o limite da sua existência.
Ela sorriu.
- Mas acima de tudo, apavoro-me com a ideia de não poder definir esse sentimento estranho que pesa no meu peito, que porporciona, a cada palavra dita e não dita sua, uma aceleração dos meus batimentos cardíacos, que molha a minha face de nervoso, que gela minhas mãos, que me atordoa e me tira do sentido, exila-me da área da razão.
Como ela permaneceu sem dizer nada, ele fechou os olhos, como se os piscasse, mas demoradamente, esperando acordar e não mais vê-la.
Ao abri-los, ela estava a milímetros do físico dele. Os olhos castanhos e brilhantes dela olhavam de um olho a outro dele. Esquerdo, direito. Esquerdo, direito. Vagarosamente. Todo o rosto dela sorria.
Sem muito esforço, ela diminuiu os poucos milímetros entre eles, pegando em sua mão carinhosamente.
Colocou-a na altura dos olhos e analisou-a. Cada veia saltada, cada dedo. Fechou-a, abriu-a e analisou todo o movimento enquanto fazia isso. Depois colocou-a levemente sobre o próprio peito e olhou nos olhos dele.
Ele ficou espantado. Não com o ato, mas por não sentir batimento algum tentar romper o peito dela.
Ela desceu as mãos e aproximou o ouvido no peito dele. Lá, quase que pulando para fora, o músculo involuntário dele estava com uma batida incontável de rápida. Ela riu deliciosamente e abraçou-o. Segundos depois a pulsação dele pensou em parar. Talvez para sentir em toda a parte do corpo, a aproximação da ternura dela.
O céu estava azul claro com nuvens brancas, fofas, espaçadas. O sol estava claro, morno. O vento tinha parado, junto do tempo. Ele vestia uma camiseta branca, com a gola num corte em V. Jeans nas pernas. Descalço. Ela vestia um vestido lilás, com uma fita roxa envolvendo a cintura, finindo num laço nas costas. Descalça.
Ela se afastou. Levou a mão direita à bochecha esquerda dele. Com o polegar, acariciou-a, subindo e descendo. Os olhos dela, iam de um a outro dele. Ela, mais uma vez desceu a mão, virou-se e saiu andando.
Poucos metros longe, virou para ele, sorriu, abriu as asas e sumiu.
Como um pulo, sentado na cadeira de madeira, ele acordou ofegante. E podia jurar: os olhos dela, estavam numa cor que tendia ao lilás. Os dele, vazios.
"A pessoa por quem a gente se apaixona é sempre uma invenção." - Romance.
- Cecília.
quinta-feira, 20 de agosto de 2009
Ela foi chegando de mansinho e deitou na rede branca, que ficava presa nas pilastras da varanda.
As pernas quase magras empurravam o chão para mover os ventos nos cabelos quando a rede fazia o movimento antagônico da ida.
O vento era morno, a luz do sol entrava pelas árvores, terna e quente, as borboletas iam de flor em flor colhendo pólen, provando os diferentes gostos.
Até que a cabeça dela encontrou o peito dele e ficou ali.
-Sabe o que eu gosto em você? - ele perguntou.
- O quê? - ela respondeu com pergunta.
- Gosto da maneira como sua cabeça se encaixa bem no meu peito e deixa seu cheiro bem abaixo da minha respiração, pra me deixar louco e parcialmente saciado.
Ela ficou quieta.
- Gosto quando as minhas mãos seguram o seu rosto, como se ele fosse feito da mais sensível procelana que com um suspiro diferente correria o risco de trincar e perder a clareza.
Ela ficou quieta.
- Gosto da maneira como seus olhos perfuram o meu íntimo, buscando me confortar e da maneira como seu sorriso me abraça.
Silêncio.
- Gosto da maneira como minha mão cabe no vão dos seus dedos, como a sua pele se contrasta com a minha, como seu peito arfa durante a inspiração do ar, e como você me apavora quando demora demais para expirá-lo.
Ele riu. Ela, calada.
- Gosto da maneira como você me beija e como consegue mudar o conforto para o arrepio quando da carícia nos lábios passa a mordê-los. Gosto do caminho que suas mãos percorrem antes de chegarem no meu pescoço e do cheiro que a sua pele deixa como rastro.
Ela levantou a cabeça. Os cabelos castanhos claro ficaram voando com o vento, passando pelos olhos, também castanhos, acariciavam os lábios rosados, enfim, desenhavam sobre aquele rosto fino, perfeito.
Olhou-o intimamente. Sorriu, claramente. Tocou-o no rosto. Aproximou-se.
Colocou a boca úmida sobre a sedenta dele. Sugou dele toda aquela vontade.
Afastou-se. Sorriu mais uma vez e se levantou.
E foi andando pelo mato. O vestido branco esvoaçava. Ela olhou para trás e depois...
sumiu.
domingo, 16 de agosto de 2009
sexta-feira, 17 de julho de 2009
O buraco da tua ausência nos meus abraços, deixou - os sem rumo. Inquietos eles procuraram.
E se cansaram. E no marasmo, deixados à sua espera, eles ficaram, na mesma posição de quando teu corpo me preenchia, de quando eu sentia a vontade inquietante do seu coração de bater e, quem sabe, pular do seu peito e cair no meu.
As minhas mãos, por um longo tempo após sua saída, tatearam ao lado, acima, abaixo, no meu pescoço, pelos caminhos que você desenhou, mas não acharam as suas. Não acharam o calor do seu toque.
E elas estremeceram, junto do meu corpo.
Eu ainda posso sentir a pressão e o carinho das suas mãos. E os lugares em que esses momentos aconteceram, adormecem.
E os meus beijos.
Eles choraram junto dos meus olhos. Meus sorrisos saem, agora, perdidos. Eles não têm mais motivos para se encabularem, tampouco olhares para apreciar.
Minha boca, assim como todo o resto, só tem a lembrança, guardada, cravada com uma mordida profunda nos lábios.
Eu sinto sua falta."
quinta-feira, 2 de julho de 2009
segunda-feira, 22 de junho de 2009
E quando ela clamar, quando ela chorar, gritar para que esse silêncio chegue logo, os Anjos chegarão."
terça-feira, 26 de maio de 2009
terça-feira, 19 de maio de 2009
sábado, 2 de maio de 2009
terça-feira, 28 de abril de 2009
quarta-feira, 22 de abril de 2009
O Teatro Mágico
Composição: Fernando Anitelli / Danilo Souza
Será que a sorte virá num realejo?
sexta-feira, 17 de abril de 2009
Meu coração acordou hoje
com uma vontade de se jogar do precípio
do amor.
De se espatifar no peito de uma outra pessoa.
Minhas mãos acordaram com uma vontade
de brincar nos labirintos dos seus dedos
e bagunçar seus cabelos.
Meus lábios acordaram com o desejo
de contar aos seus
em sussurros
o sonho que minha cabeça maluca projetou
na noite que passei acordada.
Meus olhos despertaram no ímpeto
de encontrar o raiar dos seus.
Meu corpo vai dormir dançando a sua música.
Cici.